
Nasci no estado do Rio e cresci em Milão. De volta ao Brasil, São Paulo virou minha cidade. Morei na Itália novamente, e continuei atravessando fronteiras, seja por trabalho, seja por motivos pessoais.
Colaborei com revista inglesa, startup holandesa, mídias digitais e impressas brasileiras e italianas.
A última experiência no exterior foi na Inglaterra por 1 ano e 4 meses, para estudar Digital Publishing, em Oxford.
No meu retorno ao Brasil esse ano passei a ter um interesse bem definido: cobrir iniciativas socioambientais no âmbito dos negócios e do governo.
Apesar de encontrar o país aflito por uma conjuntura sombria econômica e política, e com pendências seculares em todos os campos do viver, surpreendi-me também com boas iniciativas.
Deparei-me com diversos movimentos que tentam contribuir para o aperfeiçoamento da democracia e de um modelo de desenvolvimento econômico mais efetivo.
Iniciativas que florescem com ideias novas, em diversos campos, seja na educação, no social, na cultura e nas finanças.
Encontrei considerável número de pessoas e líderes ‘silenciosos’ promovendo encontros e parcerias entre diversos setores da sociedade.
Organizações não governamentais, empresas e representantes do governo dispostos a discutir pontos cruciais para superar problemas sociais e ambientais.
Nesse sentido, é bom saber que a Sitawi cresceu e se expandiu em 2015. Para quem não sabe, a Sitawi é uma organização social de interesse público (OSCIP), que atua no Brasil e no exterior com uma plataforma de ‘finanças do bem’, operando soluções financeiras inovadoras para impacto socioambiental positivo.
Em 2015, segundo relatório da OSCIP, ela bateu a marca dos R$ 6.7 milhões alocados no setor social, sendo R$ 3 milhões em empréstimos socioambientais, em 40 projetos, com 179 mil pessoas beneficiadas ao longo dos 8 anos de vida.
O mesmo aconteceu com grupos de organizações e lideranças que trabalham para articular rede de investidores, empreendedores e governos para que façam acontecer modelos de negócios rentáveis e que resolvam problemas sociais e ambientais.
Estudo feito pela Aspen Network of Development Entrepreneurs (ANDE), em parceria com a Latin American Private Equity & Venture Capital Association (LAVCA) e LGT Impact Ventures, mostrou que entre 2014 e 2016, foram realizados 48 investimentos, totalizando US$ 70 milhões. Os principais setores foram saúde, educação e inclusão financeira.
Levantamento conduzido pela Artemísia, aceleradora e fomentadora de negócios de impacto social, aponta significativa evolução no setor. Em relação às inscrições para a aceleradora: de 2011 para 2015 houve um aumento de 386% – sendo mais de 800 inscrições só no último ano de empreendedores interessados em participar do processo.
Na avaliação dos investimentos recebidos no mesmo período, a pesquisa revela crescimento também significativo. Apenas em 2015, mais de R$16 milhões foram investidos nos negócios de impacto social acelerados pela organização. Em comparação com 2014, esse valor representa um crescimento de 42% no momento dos aportes.
Não se pode deixar de mencionar o avanço da energia eólica no país. O Brasil alcançou a 8º posição no ranking mundial de geração eólica em 2015, subindo sete posições nos últimos dois anos. Dados do ‘Boletim de Energia Eólica Brasil e Mundo – Base 2015’, produzido pelo Ministério de Minas e Energia. A proposta do Brasil na COP 21, que entrou em vigor dia 4 de novembro, é a participação de 45% de energia renovável no mix energético até 2030.
Parecem resultados pequenos, diante das amplas necessidades do país. Porém são números expressivos, pois mostra o potencial de crescimento desses setores.
Em diversas áreas tem gente inovando. Embora os resultados não sejam perceptíveis a curto prazo, – e certamente ainda demore muito para sê-lo -, alguns setores da sociedade estão se mobilizando e engajando em diálogos e cooperações.
E como o mundo, em especial o brasileiro, trabalha e pensa no curto prazo, talvez esteja aqui uma oportunidade de construir um horizonte maior de ambições e esperanças.
Os meios de comunicação são importantes para cobrir e trazer à público essas iniciativas que, por serem pequenas e por estarem ainda em fase inicial, merecem por isso mesmo ampla divulgação.
Por Joana Gloria Curvo, jornalista independente