
Cine Matilha recebe jornalistas engajados em novos formatos jornalísticos. Foto: Nathália Matos
Na última terça-feira (22/05) a Associação dos Correspondentes Estrangeiros de São Paulo realizou um debate no centro da capital paulista, no espaço Cine Matilha com a presença do autor do livro “Raul”, ilustrador e jornalista Alexandre de Maio, os co-fundadores da Agência Mural, Anderson Meneses e Vagner de Alencar e a mediadora do evento, a correspondente internacional Marie Naudascher.
O debate levantou a discussão sobre as novas formas de jornalismo, principalmente o jornalismo em quadrinhos, característico do trabalho de Alexandre de Maio, e o jornalismo das periferias feito atualmente pela Agência Mural.
Como referência no jornalismo em quadrinhos no Brasil, o autor de “Raul” falou um pouco sobre a dificuldade de produzir esse tipo de jornalismo devido ao pouco reconhecimento que ainda não permite que essa seja a sua única fonte de renda. De Maio contou sobre a sua rotina com a produção do livro a qual tomava seus fins de noite e pelo menos 10 horas diárias durante as suas férias.
Um dos pontos de encontro que o debate trouxe ao jornalismo em quadrinhos e o feito nas periferias foi a dificuldade em encontrar um apoio para esses novos formatos, novos olhares.
No entanto, Vagner de Alencar e Anderson Meneses comemoraram o sucesso atual da Agência Mural que em breve, após 7 anos de existência, receberá um financiamento capaz de tornar alguns funcionários fixos, com um trabalho voltado integralmente para a agência.
A Agência Mural hoje conta com 58 funcionários espalhados pelas comunidades de São Paulo que buscam todos os dias levar o melhor das periferias para as periferias e também para o restante da cidade. Com um jornalismo que evita manchetes sensacionalistas de violência e assistencialismo, a agência busca fugir do padrão de pautas dos grandes veículos que reduzem as periferias a violência e pobreza.
“O jornalista de fora sempre acha que o morador da periferia é personagem e nunca é fonte”, critica Vagner de Alencar sobre a cobertura de periferias nos veículos tradicionais.
Os co-fundadores Vagner e Anderson ainda disseram que acreditam um dia não precisarem existirem como uma agência voltada para o jornalismo nas periferias, isso porque eles têm como objetivo impactar a grande imprensa para que essa também tenha um olhar mais abrangente sobre as comunidades.
Os participantes ainda abordaram a importância da disponibilização de informações como por exemplo por meio da Lei de Informação e a constante curiosidade dos jornalistas que desejam criar novos formatos e inovar como forma de agregar diferentes públicos.
O debate teve o apoio da Editora Elefante, o espaço Matilha Cultural, Cine Matilha, Agência Mural e a Associação dos Correspondentes Estrangeiros de São Paulo.
Por Nathália Matos