
Após os ataques de sexta-feira, 13 de novembro, em Paris, os consulados da França em Rio, São Paulo e Recife organizaram atos “contra a violência, a intimidação e o ódio e a favor da liberdade e a democracia”. Vários membros da ACE acompanharam a concentração na avenida Paulista. A seguir, as impressões das francesas Claire Gatinois e Marie Naudascher, que estiveram em São Paulo e Rio, respectivamente.
Dinheiro e religião
É bastante esquisito ficar longe da sua familia, dos seus amigos quando acontecem atrocidades no seu pais. Na sexta-feira, dia 13 de novembro, a maior parte dos franceses, jovens de 20 a 35 anos que estão aqui no Brasil para um curso, um estágio, uma oportunidade profissional foram, ou poderiam estar, nestes lugares badalados de Paris. Nestes bares do «11ème arrondissement», nesta casa de show, le Bataclan, «neste quartier bobo». Ou no Stade de France também para assistir a um jogo do PSG.
No domingo dia 15 de novembre, em frente do consulado da França na Avenida Paulista, a maior parte dos franceses que foram lá para prestar homenagem às vitimas tiveram uma sensaçao de «déjà vu». Já tinham estado lá no dia 11 de janeiro, para mostrar a sua solidariedade com os parisianos. Os jovens fazendo um estágio ao lado dos chefes das empresas. Mas o que tal vez me deu mais conforto foi ver lá brasileiros. Como esta moça cujas bochechas foram pintadas em azul, branco e vermelho, Julia Pacheco. Uma amiga da Camil Isso, que foi ferida nos atentados. Ela me disse em francês: «Gosto da França, gosto de Paris». O Brasil é um pais violento, onde jovens são mortos a cada dia. Mas ela continuou, «no Brasil se mata por dinheiro, não por causa da sua religião».
Claire Gatinois
La vie en rose
O Cristo Redentor estava vestido de Azul, Branco e Vermelho, enquanto cerca de 300 franceses e brasileiros estavam chegando com bandeiras e camisas da seleção francesa no Largo do Machado.
Foi uma reunião espontânea, apesar de ter sido divulgada pelo consulado da França no Rio de Janeiro. Um músico veio com uma sanfona e algumas partituras de músicas francesas. Debaixo de chuva, o grupo logo começou a cantar “La Vie en rose”, da Edith Piaf, ode ao amor e à vida. Foi justamente essa vida de boêmia, querida pelos jovens, num bairro popular e cheio de vitalidade artística que foi alvo dos ataques terroristas. Foi aquilo que a multidão lembrou naquela tarde.
“La Marseillaise” tambem ecoou enquanto as velas iluminavam os rostos tristes dos amigos da França. Um cartaz colorido ” Cariocas pour la paix en France”, (cariocas pela paz na França) se destacou entre as velas. Estávamos reunidos para isso: promover a paz neste momento de profunda tristeza e solidariedade com as vitimas.
Marie Naudascher